PRESIDENTE DA COPA FUTUROS CRAQUES ANALISA NÍVEL DO FUTEBOL DE BASE EM PE

A Copa Futuros Craques de Futebol de Base encerrou no último domingo com quatro equipes levantando taças no estádio Grito da República, no bairro de Rio Doce, em Olinda. A quarta edição foi um verdadeiro sucesso com novas parcerias e equipes formando a competição, e assim vai ganhando notoriedade no Estado de Pernambuco. Mas todo esse sucesso tem um nome - Cláudio Luciano, presidente e fundador da Copa. Ciente da carência de campeonatos de alto nível para atletas abaixo dos 15 anos Luciano tomou à frente e, por conta própria, decidiu criar a Futuros Craques de Futebol de Base em 2015. "A Copa foi criada justamente pela necessidade de colocar os garotos em um campeonato de alto nível. Testar eles enfrentando grandes times e com possibilidade de levantar um título. Infelizmente há uma escassez de campeonatos de base em Pernambuco e a Futuros Craques veio para suprir essa necessidade". Além da participação dos três grandes da capital (Santa Cruz, Sport e Náutico), a edição deste ano contou com o núcleo de Recife do Athletico Paranaense, um dos maiores clubes do Brasil. 

Confira outros trechos da entrevista com Cláudio Luciano 

1 - Qual a sua análise sobre o nível do futebol de base em Pernambuco após essas quatro edições da Futuros Craques?

R - Ao longo dessas quatro edições foram mais de 120 jogos assistidos. Cheguei a conclusão que temos que melhorar muito, estamos longe de chegar ao ponto de falar que Pernambuco está num nível bom em comparação com o Sul e Sudeste. Falo isso também em relação a organização dos times, até temos algumas bem alinhadas e estruturadas. Até mesmo escolinhas que não são de clubes grandes, elas estão se aproximando destas equipes maiores e do que o futebol profissional pede. No aspecto técnico tem garotos que são diferenciados, sobre isso não estamos longe. Mas é claro que a estrutura faz diferença e muitos talentos acabam se perdendo dentro de campo devido a essa necessidade. 

2 - Os grandes clubes estão muito à frente das equipes pequenas em Pernambuco?

R - Acredito que não. Talvez um ou outro e isso depende da categoria. Nas inferiores até vejo essa vantagem dos grandes para com os pequenos.  Um time que tem Centro de Treinamento, uma visão mais profissional claro que sai na frente dos pequenos. Mas, por exemplo, no sub-14 a gente tem equipes que não são de clubes de bandeira e sempre fazem bom trabalho e chegando às finais.

3 - O que mais tem atrapalhado no desenvolvimento da garotada no futebol de campo?

R - Nesse período observei no aspecto individual de cada atleta, analisando a parte técnica, o jogador que vem do futsal ele tem um excelente desempenho dentro de campo, no quesito individual ou no coletivo, ele faz a sua função corretamente. Garotos que só focam no campo também conseguem desenvolver um bom futebol. O que mais me chamou a atenção foi sobre os jovens que atuam em outra modalidade de futebol, sem ser futsal ou campo. Esses realmente foram os que tiveram pior desempenho dentro de campo, ficam perdidos e sem saber fazer as funções. Correm muito em campo sem direção alguma. Então o meu recado para quem almeja ser jogador de futebol ele precisa ter mais foco em campeonatos de futebol de campo ou de futsal. 

4 - As goleadas dos clubes grandes nos pequenos representam a superioridade deles ou foram ocasionais?

R - Devido a preparação mais bem elaborada o time grande acaba se sobressaindo em campo e o resultado com placar elástico vai saindo naturalmente. Mas isso também depende de quem tá do lado do time menor, se eles têm um elenco com jogadores que atuam juntos e na mesma modalidade, até conseguem equilibrar a partida. Me chamou a atenção alguns jogos onde um time era formado por jogadores de futsal, e a outra com a maioria atuando apenas no campo. Foi uma disputa de igual para igual mas no final os garotos do futsal levaram a melhor, mantiveram o ritmo e no estilo de jogo deles conseguiram o resultado positivo. 

5 - Na sua opinião Pernambuco tem poucas competições de base?

R - No primeiro ano que fiz a competição, apenas nas categorias sub-11 e 13 percebi que realmente faltavam competições de base. Mas nos anos seguintes de alguma forma a Futuros Craques incentivou as pessoas a fazerem campeonatos de base. Atualmente temos outros torneios sub-11, sub-12. Ainda acredito que é um número baixo mas percebo que estão surgindo novos projetos em Pernambuco. E isso é muito bom por que para analisar um atleta dentro de campo tem que colocar ele em jogo. Não adianta ele disputar um torneio em campo reduzido achando que ele vai ter o mesmo desempenho quando for atuar num campo com dimensões oficiais. 

6 - Sobre a estrutura dos clubes você tem alguma opinião formada?

R - Olha isso é uma questão mais interna de cada clube. Eu sempre procurei observar mais os times em campo. Mas acredito que os times precisam encarar os campeonatos de forma mais profissional. Seja bem mais organizada, preocupada com o padrão que o time vai ao jogo, documentação do atleta. Até que não deixaram tanto a desejar mas é preciso ter uma visão mais profissional.